quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Artigo: Eleição do analfabeto, retrocesso social - Gerson Rodrigues, Graduando do 5º semestre


Eleição do analfabeto, retrocesso social.
Gerson Rodrigues (Acadêmico de direito)

Como cidadão, preocupo-me sobremaneira com a citação do artigo da Drª Daisy Cunha[1] publicado na Revista Superinteressante de outubro/2011[2], no qual defende a eleição do analfabeto. Gostaria de propor uma discussão acerca do assunto, pois creio que o tema seja instigante. Segundo a Professora Daisy Cunha:

Aceitar o voto dos analfabetos e recusar sua elegibilidade significa dar lhes meia cidadania. Votar e não poder ser votado é ter a metade do direito político cassado. Ou seja, não é possível impedir a eleição de alguém porque o Estado falhou em educa-lo. O fato de um parlamentar, no Congresso ou nas câmaras de vereadores, não saber ler e escrever é problema de uma nação que se deseja desenvolvida. E, se a educação básica é direito de todos, a legislação não pode impedir a eleição dos analfabetos. (DEISY CUNHA)

            A educação, enquanto direito fundamental, tem um potencial transformador que  é responsável pela formação integral de indivíduos e cidadãos plenos, com autonomia e capazes de fazer suas próprias escolhas.
Quando vamos parar de colocar a culpa por todos os problemas no Estado e assumir nossa parcela de responsabilidade? Lembro-me, então, das palavras de José Murilo de Carvalho[3]

Os melhores pensadores nacionais não se cansaram de apontar a ausência de cidadania em nossa tradição. Quando vêem virtude entre nós, eles a localizam ou na vida privada (Sérgio Buarque, Gilberto Freyre, Roberto da Matta, e os positivistas), ou num Estado demiurgo da nação, posição defendida em geral por partidários do Estado, à direita ou à esquerda. Tal virtude não é cívica por não se colocar na confluência do Estado e da sociedade, por não estabelecer a estrada de mão dupla entre os dois, essência da sociedade democrática. A virtude doméstica não se transfere para a sociedade civil nem para o Estado e a eventual virtude do Estado não se desloca para a sociedade civil. Não há, em outras palavras, uma construção social do político. Quando a virtude privada estabelece contato com o Estado, gera o aborto do fisiologismo e do clientelismo, quando a virtude do Estado se comunica com a sociedade, gera o aborto do paternalismo e do corporativismo. Nos dois casos não há interesse bem compreendido, no sentido em que Tocqueville usou a expressão, não há virtude, não há cidadania participante. Há estadania.

No art. 205 de nossa Constituição está explicitado:  A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
O dever do Estado é prover os meios para educar seus cidadãos, mas não podemos esquecer da Família e da Sociedade, por isso não devemos desconsiderar na discussão dessa temática os motivos que levam ao analfabetismo.
A evasão escolar é um deles, segundo o INEP[4], as causas da evasão escolar são variadas. Condições socioeconômicas, culturais, geográficas ou mesmo questões referentes aos encaminhamentos didáticos – pedagógicos e a baixa qualidade do ensino das escolas, ajudar os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar, falta de interesse e proibição pelos pais de ir à escola, são motivos mais frequentes alegados apartir dos anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª séries) e pelos próprios alunos no Ensino Médio. Todas podem ser apontadas como causas possíveis para a evasão escolar no Brasil.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) era frequentada, em 2007, ou anteriormente, por cerca de 10,9 milhões pessoas, o que correspondia a 7,7% da população com 15 anos ou mais de idade. Das cerca de 8 milhões de pessoas que passaram pela EJA antes de 2007, 42,7% não concluíram o curso, sendo que o principal motivo apontado para o abandono foi a incompatibilidade do horário das aulas com o de trabalho ou procurar trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%), incompatibilidade do horário das aulas com o dos afazeres domésticos (13,6%), a dificuldade de acompanhar o curso (13,6%),
Isso demonstra que nem sempre o Estado é o principal responsável pelo analfabetismo.
Há uma Proposta de Emenda Constitucional, de número 27/2010, que autoriza a eleição de analfabetos. A PEC ainda espera a indicação de um relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Considero que esta PEC é um retrocesso.
Atualmente, a lei eleitoral brasileira não exige escolaridade mínima para se candidatar a cargo eletivo, basta ser alfabetizado. O papel do legislador é criar leis e fiscalizar o Poder Executivo, por seu turno, o Poder Executivo deve propor e desenvolver as políticas públicas, administrar o Estado. Será que alguém que é somente alfabetizado tem capacidade para isso? É questão que, no mínimo, deveria ser discutida na tão esperada reforma política.
Levantamento do Congresso em Foco[5] revela que o Parlamento brasileiro tem pouco mais de 8% de congressistas com mestrado ou doutorado. Foram analisados os currículos de 652 parlamentares, entre titulares que foram eleitos e suplentes que assumiram desde o início da legislatura. De todos os deputados e senadores que exercem ou exerceram mandato na atual legislatura, apenas 55 deputados e senadores concluíram algum curso de pós-graduação stricto sensu.
Comparando a formação do Congresso brasileiro com a dos países desenvolvidos, percebe-se a diferença. Segundo levantamento da revista norte-americana The Economist, de março de 2011, o Parlamento alemão conta com 114 doutores, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel.
Na minha opinião, não podemos mais tolerar políticos despreparados ou analfabetos redigindo nossas diretrizes. Para ilustrar o que aqui se expõe, é trazido quadro da escolaridade dos membros do nosso Congresso Nacional:


No Brasil, se ganha muito dinheiro exercendo cargo político ou jogando futebol, mas percebe-se que em nenhuma dessas profissões a educação é fator de qualificação, os jogadores de futebol são artistas e os políticos? Infelizmente, os que mais estudam são os menos valorizados.
A revelia desses pressupostos são esses políticos que vão tomar as decisões que vão afetar nossa vida. Em Outubro teremos eleições: o voto consciente e a cobrança de nossos representantes é fundamental.




[1] Daisy Cunha Pós-Doutora em Educação de Adultos pelo Conservatoire National des Arts et Métieurs (CNAM-Paris); doutora em Filosofia pela Université de Provence-França, professora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UFMG.

[2] http://super.abril.com.br/cotidiano/defesa-eleicao-analfabetos-641267.shtml
[3] José Murilo de Carvalho é cientista político e historiador brasileiro, membro desde 2005 da Academia Brasileira de Letras. Junto com o jurista e professor Celso Lafer, é o único brasileiro a ser membro dessa Academia e também da Academia Brasileira de Ciências.

[4] Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

[5] http://congressoemfoco.uol.com.br/

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Novas regras do SIMULADO da OAB da FDB-POA

Prezados Acadêmicos do Curso de Direito da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre!

O primeiro semestre de 2012 marcou o início de um projeto inovador e eficaz no sentido de estimular e preparar os alunos do curso do Direito da FDB-Poa para a prova da OAB.

É sabido por todos que o certame hoje ministrado pela Fundação Getúlio Vargas é muito rigoroso e exige além de bastante dedicação uma boa preparação.

A Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre pensando nisso criou o projeto OAB Atitude, e após a primeira realização do "teste" para verificar as principais dificuldades dos alunos e procurando ainda o melhor formato de aplicação do Simulado chegou ao padrão que considera ideal.

As principais alterações foram as seguintes:

Para os alunos do oitavo semestre em diante a prova tem influência na média das disciplinas em curso deste semestre em diante.

No formato anterior essa influéncia contava 20% da nota final das disciplinas em questão.

A partir de agora este percentual caiu para 10%, e o aluno que acertar a partir de 70%  da prova ganhará um ponto extra na média de todas as cadeiras que estiver cursando no semestre.

Para ter acesso ao regulamento do simulado na integra basta enviar um e-mail para o centro acadêmico solicitando que o mesmo será enviado. cadireitojns@yahoo.com.br

Ou caso seja cadastrado no 4shred.com ou queira se cadastrar (é grátis) o ducumento já está disponível no seguinte link:  

http://www.4shared.com/folder/2fQ6kRWW/_online.html 

Abração a todos e bons estudos!


Divulgação de Vagas de Estágio


Colegas do Direito!

Segue abaixo a divulgação de vagas de ESTÁGIO.


Maiores informações em www.dpu.gov.br - 51-3216-6916.